COMUNICAÇÃO E GESTÃO PÚBLICA: como elas estão dialogando atualmente?

O processo de comunicação no setor público tem um impacto bem mais amplo do ponto de vista social. Tal impacto rompe a barreira do mero alcance dos objetivos internos e alcança diretamente o cidadão, beneficiário dos serviços públicos prestados por estas organizações. No cenário externo, a comunicação praticada pelos órgãos públicos é um instrumento de fortalecimento da esfera pública e dos mecanismos de democratização e participação cidadã (NOVELLI, 2006).

Essa participação da sociedade só será possível se a população receber informações dos órgãos públicos para controle e acompanhamento das ações. Reside aqui a importância da boa comunicação pública para a efetividade desse tipo de organização, pois “o engajamento ativo dos cidadãos pode assegurar que as políticas públicas sejam apoiadas ou pelo menos compreendidas pelo público de modo a contribuir para a sua efetiva implementação” (KONDO, 2002, p. 15).

Dessa maneira, adoção de ferramentas de comunicação pública deve partir de uma análise social considerando os diversos aspectos que influenciam a aprovação ou rejeição da sociedade, como a cultura local, as regras e normas, a liderança política, os fatores sociais e econômicos (MABEL; et al., 2011). Essa análise potencializa a estratégia comunicativa adotada e produz maior sensibilização social (BORGES; LESSA; OLIVEIRA, 2014).

Levando em consideração o cenário interno das instituições públicas, vale destacar que parte significativa das organizações públicas ainda possuem estruturas tradicionais, o que dificulta a promoção e aceitação de mudanças (PAIVA, 2004). Assim, mesmo a comunicação interna tende a ser avaliada como mudança pelos servidores quando utilizada como ferramenta de gerenciamento, pois é estratégia relativamente recente na realidade dos órgãos públicos (REINALDO et al, 2010). Percebe-se que nesse quesito, há um desconhecimento por parte dos servidores em algumas organizações quanto a sua razão de ser, visão, objetivos e qual o seu papel no alcance de tudo isso.

Em relação a comunicação com o público externo, outro grande desafio, algo notório nos últimos pares de meses na gestão pública atual, é aprender a utilizar as novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), em especial, as redes e mídias sociais que se tornaram uma “faca de dois gumos”. Percebe-se o despreparo na comunicação, que deveria continuar sendo formal, assim como ruídos na comunicação, levando a desencontros e contradições, reflexo de uma má gestão da comunicação interna. O fato é que as organizações públicas ainda estão aprendendo a dialogar com seus diferentes públicos através das redes, considerando esses novos receptores como figuras ativas no processo de comunicação, que por sua vez, produzem e compartilham informação, dando seu feedback tempestivamente e sem “papas na língua”.

Logo, conclui-se que existe relativa dificuldade de se implantar ferramentas de comunicação no cenário interno e externo nas organizações públicas, consideradas as condições culturais, das relações e práticas de trabalho. A escolha das ferramentas de comunicação organizacional depende da maneira como cada um dos diferentes usuários lidará com os mecanismos, porque são as interpretações dos usuários que determinam os efeitos das tecnologias na prática e não as suas características técnicas (DA SILVA; MELLO, 2013).