O impacto da “dança das cadeiras” na efetividade das Políticas Públicas no Brasil
- By Pedro Ferreira
- 9 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
No Brasil é cotidiano se “dormir com um gestor público e se acordar com outro”, sendo que esse fato se aplica aos mais altos cargos desse setor, não só os chamados de confiança, mas até para os eletivos.
É notório que essa “dança das cadeiras” implica diretamente na efetividade das Políticas Públicas nacionais, tendo como vetor a descontinuidade administrativa. Rua (2009) afirma que parte dos cargos são preenchidos por critérios políticos, que gera instabilidade na organização e por sua vez, faz com que programas e projetos sejam redimensionados, reorientados ou suspensos.

É lamentável, contudo é a mais pura realidade observada por Rua (2009), na qual a cada mudança de gestão, normalmente, inicia-se o “começar do zero” em relação aos trabalhos com o objetivo de expurgar a herança e imagem deixada pelo antecessor e firmar a sua própria identidade e nome, contornando muitas vezes o que diz o princípio constitucional da impessoalidade. Desse modo, Ayritscher (1992, p. 09) assim corrobora:
(...) as sucessivas adaptações impostas pelas mudanças de projetos políticos dos governantes eleitos levam a burocracia a desenvolver comportamentos que tenderão a ajustar-se mais à lógica dos seus interesses do que à lógica da decisão política que os afeta.
Logo, com a mudança habitual de gestores do nível estratégico ou tático, acaba que cada um vem com uma nova proposta e assim, muitos projetos e programas são interrompidos ou "engavetados", até mesmo os que têm um histórico de desempenho satisfatório; já outros, são criados do “dia para noite” em um gabinete como a "tábua de salvação", ignorando os clientes internos e externos e em alguns casos, indo na contramão dos anseios da própria sociedade.
Então, por tal premissa que se encontram tantas obras “faraônicas” inacabadas, os conhecidos “elefantes brancos”, que não produziram efeito nenhum sobre seu público-alvo e apenas foram sinônimo de desperdício de recursos e mau trato com a coisa pública.
Por fim, percebe-se que o tempo passa, cadeiras são ocupadas e desocupadas, antigos e novos nomes são designados como gestores, mas a realidade continua a mesma. Eis que o cerne da descontinuidade está justamente na repetição do novo como fator de manutenção das velhas e vivas relações de poder (COLLARES et al, 1999).
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